No último dia 15 de fevereiro, o Ministério Público realizou uma audiência pública para tratar da situação em que se encontram as unidades de saúde da rede municipal com base nas denúncias feitas pelo Sindicato dos Médicos do Estado do Piauí e relatório entregue pela Comissão de vereadores encarregados de visitar os nove hospitais da Prefeitura. As reclamações vão desde as condições de trabalho à falta de médicos.

A promotora Cláudia Seabra ressaltou que já recebeu telefonemas do pediatra do hospital do bairro Monte Castelo, Dr. Renato Leal, pedindo ajuda. "Ele dizia: ´doutora, eu vou ser linchado´, e essa é uma situação que não pode se repetir", relata. Renato Leal, que estava presente na audiência, explicou o motivo do receio. "Eu já cheguei a atender 158 crianças em um único plantão e ainda fui processado por negligência. Quando passa nos corredores o médico é xingado de vagabundo por pessoas que esperam atendimento. Elas não entendem que o médico é mais uma vítima do descaso com a saúde pública", desabafou.

Claúdia Seabra afirmou que o Ministério Público exigirá um posicionamento mais efetivo da Fundação Municipal de Saúde. Segundo ela, a FMS não pode simplesmente alegar que realizou o concurso e lamentar que os aprovados não tenham interesse em assumir vaga nas unidades de saúde por causa dos baixos salários.

A Fundação, por sua vez, reconhece a importância da implantação do Plano de Carreira Médica do Município, com a conseqüente revisão da tabela de vencimentos, para a conquista de profissionais da área. O presidente da Associação Piauiense de Medicina, Felipe Pádua, esclareceu que o Sindicato dos Médicos concluiu o Plano de Cargos, Carreiras e Salários Municipal, que prevê progressão funcional e salarial dos médicos servidores do município. Nesta quarta-feira (20), os médicos devem realizar atendimento nos hospitais da Prefeitura vestindo camisetas pretas com a frase: "Carreira Médica Urgente".