Por meio do seu Programa de Educação Continuada (PEC), o Sindicato dos Médicos do Estado do Piauí (SIMEPI) realizou o Simpósio sobre Saúde Mental. O evento aconteceu na noite dessa quinta-feira (21), no auditório da entidade, abordando o tema "Governança da saúde mental: desafio às sociedades contemporâneas". Para falar sobre o assunto, os especialistas Fátima Alves, Joana Soromenho e Samuel Rêgo.

Fátima Alves possui Doutorado em Sociologia da saúde, Coordena a Extensão do Centro de Ecologia Funcional da Universidade de Coimbra, na Universidade Aberta (Portugal). Ela abordou sobre como a loucura transformada em doença mental sempre desafiou as sociedades, ciências e políticas no passar dos anos.

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“É um tema presente historicamente. De fato, a evolução histórica de aproximação e compreensão do sofrimento humano nos conduziu a um sistema que vê o sofrimento mental como uma doença e cria toda uma estrutura para lidar com essas situações. É preciso encontrar forms dignas de tratar essas pessoas pelas diferentes situações que existem. Para nós, sociólogos, a sapude mental tem que ser vista como uma construção social, como forma de tentar entender de onde ela vem, como ela se produz, que respostas que a sociedade cria para responder as atitudes”, comenta a Dra. Fátima Alves.

Joana Soromenho é pedagoga, psicopedagoga, psicomotrista e especialista em Educação Especial pela Universidade Técnica de Lisboa (Portugal). Ela pode tratar sobre como a saúde mental é enfrentada na infância e as formas como afetam a família em um todo. “Quando existe uma criança com esse desenvolvimento na família, os pais são diretamente os primeiros afetados. Em seguida os irmãos, por conta da atenção que deixa de ser dividida, os avós que são de outra geração, pois deprimem, negam. Quando há uma criança com deficiência sensorial motora ou intelectual, transtorno de desenvolvimento, você tem uma família inteira que precisa de apoio”, explica.

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Sobre o crescimento dos casos, mesmo com a ausência de dados estatísticos mais exatos, ela se mostra preocupada. “Sobre o expecto do autismo, por exemplo, há 15 anos atrás era 1 para 1.500 nascimentos, hoje é 1 para 59. É avassalador o que vem acontecendo. Infelizmente não posso ser otimista no que se refere aos números, pois o que eu sinto é que não existe uma estrutura de apoio para essas famílias. É uma situação complicada, porque não diminui em números e eles se mantém sem apoio. Trabalhamos apenas com estimativas e é preciso reunir números para possamos pensar em todo o suporte a ser dado”, completa a Dra. Joana Soromenho.

O psiquiatra Samuel Rêgo é formado em medicina pela Universidade Federal do Piauí (UFPI), possui formação em Terapia Cognitiva Comportamental pelo IPEC, é filiado à Associação Brasileira de Psiquiatria e também presidente do SIMEPI. Ele tratou sobre como as políticas pública de saúde mental precisam ser trabalhadas, tendo em vista o crescimento dos transtornos mentais e seus impactos na sociedade.

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“Há um número crescente de pessoas com depressão, ansiedade, números de suicídios, níveis de estresse em que a população vive e tudo isso afeta as relações das pessoas na sociedade e em suas relações interpessoais. Precisamos falar abertamente sobre esse assunto para que possamos partir para um ponto de convergência, em que tenhamos uma melhor assistência e que possamos alcançar o maior número de pessoas, reduzindo os impactos dos transtornos mentais no cotidiano”, frisou Dr. Samuel Rêgo.

Pela visão do lado social, o presidente do Sindicato dos Médicos do Estado do Piauí reforçou a preocupação da entidade nos aspectos sociais. “O SIMEPI tem se preocupado com o bem-estar da sociedade e toda a relevância tida para este público. Neste simpósio, discutimos algo que reflete certamente no setor de saúde, impactando na forma de como os médicos trabalham, assim como na forma que a população poderá receber esse acompanhamento médico”, reforçou Dr. Samuel Rêgo.

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Essa edição do Simpósio de Saúde Mental fez parte do cronograma de eventos voltados para área acadêmica, profissional, população em geral e integra o Programa de Educação Continuada do SIMEPI. “O SIMEPI não tem só a pauta de lutar pelos direitos trabalhistas dos médicos, carreira, melhores vencimentos e condições de trabalho. Nós nos preocupamos com o academicismo e a parte científica também. Por isso criamos o Programa de Educação Continuada para realizar eventos que abrangem profissionais e estudantes de todas as áreas. É o SIMEPI se inserindo diretamente na vida da sociedade e deixando sua marca”, conclui Dra. Lúcia Santos, diretora da entidade.

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