Colocar as diferenças de lado e tentar buscar uma solução. Foi isso que o Sindicato dos Médicos do Piauí fez na última quinta-feira (19), quando recebeu na sede da entidade alguns representantes da Comissão de Saúde e de Direitos Humanos da Câmara Municipal. O encontro, no qual estiveram presentes os vereadores R. Silva, Luiz Lobão e Rodrigo Martins, foi motivado pela necessidade de discutir ações de fiscalização do atendimento em ambulatórios, PSF e urgência durante o feriado do carnaval, período de grande demanda, com grande ocorrência de acidentes.

 

O presidente do Sindicato, Leonardo Eulálio, reforçou que a fiscalização vem sendo feita nas unidades de saúde do município pela própria entidade, que contratou um funcionário para andar de hospital em hospital coletando a escala de médicos. “Demos início a esse trabalho há menos de um mês por saber que existem buracos nas escalas de plantão. O que nós queremos é ter embasamento, levar dados reais ao presidente da Fundação Municipal de Saúde”, explicou.

 

No entanto, Leonardo Eulálio ressaltou que, em momento algum o profissional médico pode se responsabilizado pela calamidade do sistema público de saúde, como fez o vereador Décio Solano ao divulgar nos meios de comunicação que a comissão de Saúde e de Direitos Humanos registraria um boletim de ocorrência contra o médico que faltasse ao plantão durante o carnaval.

 

R. Silva argumentou que essa foi uma declaração pessoal do vereador Décio Solano e que não representa a opinião dos demais colegas. “O médico que se compromete a prestar um determinado serviço deve cumpri-la, mas devem ser dadas condições de trabalho e o devido reconhecimento pelos serviços prestados”, acrescentou o vereador Rodrigo Martins.

 

O médico pediatra Renato Leal ressaltou que o próprio Sindicato já denunciou a falta de médicos nos hospitais da Prefeitura. “A escala hoje funciona no limite. O médico não pode adoecer, não pode tirar férias, não pode tirar licença. Eu passei 30 dias de férias e foram 30 dias em que o Hospital do Matadouro ficou sem pediatra. Isso não é culpa do médico. É culpa do gestor, dos salários aviltantes, da falta de respeito para com a categoria, que não tem qualquer garantia de segurança”, lamentou.

 

Para o presidente do SIMEPI, a discussão merece ser construtiva, com apresentação de soluções através de relatórios, fiscalizações in locu em conjunto com o Ministério Público para chegar a uma solução.

 

Médicos e vereadores concordaram que todos os trabalhos de fiscalização deverão ser encaminhados às entidades médicas, ao prefeito Sílvio Mendes, à ANVISA e aos dois Ministérios Públicos – Estadual e Federal. “Cada situação será apurada e, posteriormente, discutida com as entidades e gestores para que sejam encontradas as soluções sem nenhuma conotação policial ou política”, destacou o vereador R. Silva.