"A rede pública hospitalar de Teresina e do Piauí está preparada para uma epidemia de dengue?”. Essa foi a pergunta que motivou a realização de uma reunião no Conselho Regional de Medicina na manhã desta quinta-feira (14). O evento, organizado em conjunto pelo Sindicato dos Médicos do Piauí, Associação Piauiense de Medicina e CRM, reuniu representantes da Fundação Municipal de Saúde, Infraero, Ministério Público Federal, Vigilância Sanitária do município e do estado.

 

Além das doenças respiratórias ocasionados pelas chuvas, as enchentes que vitimaram milhares de famílias piauienses também aumentaram o risco de doenças infectocontagiosas. Gripe, pneumonia e diarréia historicamente registram aumento nesse período do ano, por isso, as entidades defendem que é preciso uma ação conjunta para combatê-las de forma eficaz nesse momento.

 

“A categoria médica vem a público demonstrar sua preocupação. As entidades propõem a união de esforços de gestores, médicos e cidadãos em geral em benefício da saúde pública”, declarou no presidente da Associação de Medicina, Dr. Felipe Mendes.

 

A vice-presidente do Sindicato dos Médicos, Drª Lúcia Santos diz que a entidade já denunciou as escalas de plantão incompletas nos hospitais da capital incontáveis vezes. “O risco de uma epidemia de dengue, associado ao aumento do número de casos de doenças infectocontagiosas, pode agravar as deficiências da nossa rede hospitalar, que sofre com a falta de médicos e de estrutura. Os profissionais de saúde estão sobrecarregados ao limite. Um pediatra chega a atender mais de cem crianças por plantão. Imagine se esse esperado aumento for confirmado. O poder público precisa estar preparado para atender a população com dignidade”, ressaltou.

 

A gerente de endemias da FMS, Drª Amparo Salmito, apresentou dados referentes ao controle da dengue e tranqüilizou a categoria médica quanto aos cuidados que estão sendo tomados. O presidente do Conselho Regional de Medicina revelou a preocupação com o trabalho de conscientização da população, que deve estar atenta para não permitir o acúmulo de água parada e evitar a formação de criadouros do mosquito.

 

Na ocasião, o Sindicato dos Médicos lançou uma Campanha contra a Dengue, com a distribuição de 5 mil exemplares em todas as unidades de saúde da capital. O material também será levado para Floriano, onde a entidade visitará o Hospital Regional para averiguar a morte de uma adolescente, que pode ter sido vítima de dengue hemorrágica.

 

Secretaria de Saúde ignora preocupação das entidades

 

De acordo com as entidades médicas, o secretário de Saúde fez falta na mesa de discussão. O presidente do CRM afirma que Assis Carvalho foi convidado para o debate, mas não compareceu e não enviou representante que pudesse contribuir com informações a respeito das precauções adotadas.

 

“Ficamos felizes de perceber que a Fundação Municipal está tão preocupada com a saúde da população quanto a categoria médica. O mesmo não pode ser dito da Secretaria Estadual de Saúde. Não temos como contribuir se o gestor não inclui os médicos nessa luta diária. Infelizmente, esse é um posicionamento irresponsável de quem não demonstra responsabilidade para com o bem estar da população”, lamentou.