Instituto não quer negociar com grevistas que estão fazendo apenas as perícias de casos preferenciais. Número de atendimentos caiu pela metade nos 24 dias de paralisação. 
 
 
 
Os médicos peritos do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), em greve nacional desde o dia 22 de junho, afirmam que a intransigência do órgão em iniciar o debate das reivindicações dificulta não só a situação dos profissionais como também o atendimento ao público. Eles calculam que neste período de paralisação o número de perícias caiu cerca de 50%, reduzido aos atendimentos preferenciais de grávidas, idosos, feridos graves e pós-operatórios. Para tratar desses e de outros assuntos ligados à paralisação, representantes dos peritos visitaram o Simepi nesta quarta (14).
 
Fotos:Carlos Lustosa Filho
 
 
"Há muito tempo tentamos abrir o canal de negociação, mas o INSS está irredutível. Não estamos sequer pedindo aumento, queremos apenas melhores condições de trabalho para que possamos atender melhor a população", descreve a médica Silvana Sales, a delegada piauiense da Associação Nacional dos Médicos Peritos da Previdência Social (ANMP). Ela descreve que o Instituto está obrigando os peritos a realizarem 18 atendimentos diários, de 20 minutos cada, sem ter sequer salas e materiais adequados. "Temos vinte minutos para conversar com o paciente, analisar o histórico, olhar os exames, examiná-lo, digitar os dados e ainda dar o resultado. Não é suficiente. Além disso não temos luvas, macas, estetoscópio ou mesmo pias nas salas. Como se pode fazer uma boa perícia, trabalhando sem parar durante seis horas? O resultado é esse: a população é mal atendida", pontua.
 
 
 
O Supremo Tribunal Federal (STJ), sensibilizado com o caso, declarou no dia 25 de junho que a greve eral legal. Nesta quarta, 14 de julho, determinou que não poderia haver corte de salário dos médicos grevistas. "Tudo o que queremos é que o INSS nos chame para conversar, apesar de várias solicitações sem a menor resposta. Que pare de tratar o segurado, que faz sua contribuição todo o mês, apenas como um número", finaliza a doutora Silvana Sales.
 
Números
No Piauí existem 54 médicos peritos trabalhando nas agências do INSS, deste total, 90% estão realizando apenas as perícias de casos prioritários. A greve tem apoio do Sindicato dos Médicos do Piauí (Simepi).