No período de 24 a 26 de fevereiro, o município de São Raimundo Nonato/PI sediou a III Jornada das Entidades Médicas com o tema Urgência e Emergência. O evento foi aberto com a palestra “Regionalização e Acesso à Saúde”, ministrada pelo presidente da Associação Piauiense de Medicina - Aspimed, Felipe Eulálio de Pádua. 

  Em sua exposição, o presidente da Aspimed defendeu a regionalização da saúde, pois acredita que se bem administrada pode melhorar a saúde pública nos municípios piauienses. “A regionalização da saúde é uma necessidade para o fortalecimento do SUS e para melhoria da política nacional de saúde. Para tanto, as ações e serviços devem ser organizados de forma a garantir o direito da população à saúde e a potencializar os processos de planejamento e negociação  entre os gestores”, ressalta.      Além de discutir a atual situação da saúde pública do país, os profissionais de saúde também participaram de cursos de atualização com aulas teóricas e módulos práticos sobre “Trauma e Manejo de vias aéreas”, abordado pelo ortopedista e traumatologista Gerardo Vasconcelos Mesquita e “Parada Cardiorespiratório e Novo ACLS, o que mudou?”,  com o cardiologista Paulo Márcio Nunes.    Os assuntos foram escolhidos por São Raimundo Nonato possuir uma importante malha rodoviária, onde há um grande número de acidentes e vítimas de traumas, e por ser o município pólo da região sul do Estado contando com apenas um hospital regional.    FISCALIZAÇÃO    Em visita ao Hospital Regional Senador José Cândido Ferraz, realizada por representantes das entidades médicas, foi constatado uma série de problemas que comprometem o bom funcionamento da saúde na região. Tal vistoria foi realizada devido a denuncia enviada pelos funcionários do Hospital ao Conselho Regional de Medicina e ao Sindicato dos Médicos.  Além de um número reduzido de profissionais de saúde, a Unidade de Saúde não possui infraestrutura e equipamentos adequados para o atendimento da população.    O Hospital atende a 18 municípios da região, contando com apenas 54 leitos, dos quais 12 são destinados a obstetrícia, número insuficiente, já que são realizadas cerca de 40 cesarianas por mês. Não possui nenhuma Unidade de Terapia Intensiva (U.T.I.) e dispõe de apenas dois centros cirúrgicos para a realização de cirurgias gerais e uma sala de parto em péssimas condições. Não há berçário nem U.T.I. neonatal.   Quanto ao quadro de funcionários, faltam profissionais de especialidades básicas como anestesiologistas, cardiologistas, ortopedistas, cirurgiões, enfermeiros, dentre outros.  A maior preocupação está sendo a falta de um médico legista, pois sobrecarrega os médicos plantonistas, que atendem os pacientes internados, as urgências e emergências e emitem laudos periciais sem possuir perfeição técnica para tal já que não são legistas, acumulando as funções de plantonistas e legistas.   Após a visita, os representantes das entidades médicas se reuniram com o Promotor de Justiça, Dr. João Batista. Ele vai instaurar um inquérito civil público, onde vai colher depoimentos dos médicos e demais funcionários lotados naquela Unidade, enquanto aguarda o relatório da fiscalização das Entidades Médicas, para instruir o inquérito que poderá resultar em uma ação civil pública.