O projeto das entidades médicas de realizar visitas aos hospitais de urgências e emergências do país ganhou força na última quarta-feira (29). Em reunião com o deputado Arnaldo Jordy (PPS/PA), os membros da Comissão Pró-SUS, integrada pelas três entidades médicas nacionais, foram informados de que a Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados já aprovou um requerimento para a criação de um grupo de trabalho, que tem como principal objetivo fazer um diagnóstico da realidade das Urgências e Emergências do Brasil. 

  O drama das urgências e emergências noticiado dia após dia pelos meios de comunicação não é mais, segundo o deputado e vice-presidente da Comissão de Direitos Humanos, um problema apenas de saúde pública, mas envolve também questões de direitos humanos ao comprometer a vida das pessoas.   "Nosso receio é a banalização, ou seja, é que as pessoas se acostumem a, muitas vezes, ver um profissional de saúde ter de escolher entre vários pacientes que chegam com essa ameaça numa unidade de saúde e o médico ter de fazer a triste opção de escolher apenas um deles para salvar em detrimento dos demais. As pessoas não conseguem salvar suas vidas no Sistema Único de Saúde e o Estado fechou as portas e os olhos para esse problema", destacou Jordy.    O grupo de trabalho, que terá a representação da Federação Nacional dos Médicos, do Conselho Federal de Medicina e da Associação Médica Brasileira, irá formatar a agenda das visitas em reunião prevista para julho deste ano.    O secretário de Comunicação da FENAM, Waldir Cardoso, deixou a reunião satisfeito. "A reunião foi muito importante e nos encheu de esperança de efetivamente conseguir fazer um trabalho junto à Câmara dos Deputados. Pareceu-me que o deputado Jordy está engajado no propósito de visitar os hospitais de urgência chamando todos que podem ter efetivamente interesse em buscar soluções para a grave situação que estamos enfrentando", ressaltou.    Também serão chamados para participarem do grupo representantes do Ministério Público Federal, Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) e outras entidades interessadas.    Para o vice-presidente do CFM, Aloísio Tibiriçá, o contato com a Comissão é importante para reforçar o objetivo das entidades médicas em se aliar com a sociedade para enfrentar as dificuldades e os desafios da saúde no Brasil. "Esse Grupo de Trabalho da Comissão vem ao encontro da nossa visão como profissionais médicos. Nós também queremos que haja um olhar da sociedade em relação ao direitos humanos das pessoas na assistência à saúde", assinalou.    "Queremos traçar um diagnóstico, reconhecer essa situação in loco e depois tomar as medidas necessárias, não só apelando ao Ministério da Saúde, ao governo federal e municipal, mas também se for necessário, judicializando ou responsabilizando aqueles que têm concorrência nesse quadro trágico que todos nos assistimos no Brasil", concluiu o deputado.   A promessa é de que já em agosto as visitas possam ser iniciadas. O assessor parlamentar das entidades médicas, Napoleão Puentes, também participou da reunião.