A proposta da presidente Dilma Roussef (PT) em contratar médicos estrangeiros para trabalhar nos municípios do interior do Brasil está dividindo a opinião pública e causando polêmica entre os profissionais da área da saúde. O Ministério da Saúde quer incentivar a vinda de médicos de países como Espanha e Portugal para reduzir o déficit de médicos que trabalham nesses locais.

 

A questão mais debatida é sobre a necessidade em realizar o Exame Nacional de Revalidação de Diplomas Médico, o Revalida, para avaliar se os profissionais tanto estrangeiros ou brasileiros que concluíram o curso de medicina em outro país estão realmente capacitados para atender a população brasileira.

 

A presidente do Sindicato dos Médicos do Piauí, Lúcia Santos, afirma que não existe a necessidade de contratar médicos de outros países para trabalhar no país, pois o problema não é a falta de médicos e sim a falta de uma boa estrutura de saúde no interior e também a falta de um plano de carreira médica que incentivaria os profissionais a se deslocarem para os municípios.

 

"O que falta é uma boa estrutura no interior para se trabalhar, além disso, precisa haver um maior interesse dos prefeitos em melhorar o sistema de saúde da cidade e também em pagar os médicos corretamente, pois já aconteceu dos profissionais levarem calote das prefeituras. O fato é que muitos políticos agem de acordo com o seu interesse, em épocas que o beneficiam", frisou.

 

Atualmente há 4.300 médicos cadastrados no Conselho de Medicina do Piauí, 3.500 estão ativos. Segundo a presidente, no Piauí, todo semestre são lançados no mercado 300 novos médicos e estes novos profissionais precisam é de incentivos do governo para se deslocarem para o interior, para buscarem estudar em áreas de especialização do atendimento básico a saúde, área cada vez menos procuradas pelos profissionais. "O mercado regula em que área os médicos vão se especializar e hoje eles estão buscando aquelas que trazem um retorno financeiro mais rápido, como por exemplo, a neurocirurgia, a geriatria e a ortopedia que estão em crescente no mercado".

 

Para a médica Lúcia Santos tinha é necessário um vínculo seguro para os profissionais de saúde, assim como existem para os juízes e promotores que trabalham no interior. "Se existisse isso com certeza a concentração de médicos nas capitais diminuiria. Outra coisa que é importante frisar é a questão da estrutura, pois é impossível um bom atendimento médico se não existe o mínimo de condições de trabalho", declarou. O Secretário de Saúde do Piauí, Ernani Maia, afirmou que é a favor da contratação de médicos de outros países para trabalhar no Brasil, mas com a condição deles passarem pelo teste para avaliar os seus conhecimentos.

 

Lúcia santos, também defende o Revalida - teste único realizado pelo Conselho Federal de Medicina e aplicado pelas universidades federais do Brasil - que analisa o conhecimento dos profissionais. Para Lúcia, qualquer médico, tanto aquele que atende a presidente do Brasil, como o que atende a pessoa mais pobre do interior do país, tem que possuir a mesma capacitação.

 

"A saúde é um direito de todos e o médico tem que estar preparado para atender qualquer pessoa. A seleção para o ingresso do ensino superior no Brasil possui uma qualidade alta para poder formar bons profissionais. Em vários países a grade curricular do curso de medicina não chega nem perto da grade curricular brasileira, então o exame tem que ser exigido para todos que vêm de outros países" declarou.