O superintendente do Hospital Universitário da UFPI, o médico José Miguel Parente, rebateu os pontos divulgados pelos médicos e denunciou que há profissionais do HU que estão apenas registrando pontos eletrônicos e não trabalhando. 
 
Segundo ele, há 107 médicos no hospital para atender apenas 30 pacientes e o aumento do número de leitos será feito de forma gradual e até o dia 30 de junho estarão disponíveis apenas 100 dos 220 leitos que existem na unidade.
 
“Recebemos várias denúncias na Ouvidoria de que há profissionais que estão apenas batendo ponto e indo embora, nós vamos apurar essas denúncias e instaurar um processo administrativo caso seja comprovado”, destacou o supervisor. 
 
 Durante os dois dias de paralisação da categoria, o superintendente do HU disse que deixaram de ser realizados 119 exames e 449 atendimentos de pacientes do interior do Piauí e Maranhão. 
 
O médico informa ainda que a prioridade do HU não é a assistência, mas o ensino, por isso, o aumento no total de atendimento a pacientes vindos do SUS irá aumentar gradualmente, conforme foi acertado entre a Ebserh, empresa que administra o Hospital, o Ministério Público Federal e os próprios profissionais.  
 
José Miguel reclamou que os médicos não procuram diálogo, embora ele esteja aberto para as discussões. “A respeito das UTIs, nós havíamos disponibilizado todos os nossos 20 leitos, mas foram os próprios médicos que pediram para que eles fossem abertos de forma gradual. Não há problemas de estruturas, a precariedade é deles, médicos, que não querem atender”, finalizou o superintendente. 
 
PARALISAÇÃO 
CARTA ABERTA DOS MÉDICOS DO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO AOS PIAUIENSES


Em face da recorrente divulgação de informações sobre o funcionamento apenas parcial do Hospital Universitário (HU), nós, médicos de seu corpo clínico, sentimo-nos obrigados a vir a público e tecer algumas considerações sobre a realidade ali vivenciada.

Sem exceção, orgulhamo-nos de integrar o grupo de profissionais incumbidos de entregar à população piauiense serviços por tanto tempo esperados. Muitos entre nós, egressos do curso de medicina da Universidade Federal do Piauí, um dia sonharam em aprender seu ofício neste hospital. Hoje, ex-alunos da UFPI ou não, igualmente sonhamos com um HU que nos permita o exercício digno de nossa profissão, com o provimento de cuidados humanizados e de boa qualidade técnica para nossos pacientes. 

Embora alguns setores do HU ainda não funcionem ou funcionem precariamente, sabemos que no serviço de ambulatório, por exemplo, onde o esforço pessoal do profissional de saúde se sobressai à estrutura física e disponibilidade de insumos, é elevada a aprovação da população à assistência prestada. Temos tentado manter o ânimo e prover a melhor atenção possível a nossos pacientes.  Muitos colegas, infelizmente, após quase 10 meses de judiciosa espera, não mais puderam tolerar a insatisfação e pediram demissão, uma vez que, lidando com situações clínicas mais graves, percebiam a inaceitável insegurança que corriam eles próprios e seus pacientes.

Para que nosso sonho de bem servir à população se realize, e para que as expectativas de nossa população sejam atendidas, necessitamos de adequadas condições de trabalho. Louvamos o empenho e reconhecemos a competência da equipe gestora local do HU. No entanto, na figura da EBSERH, empresa criada para gerenciar os hospitais federais de ensino, não podemos deixar de enfaticamente criticar o governo federal por seu modelo centralizador de gestão, pela consequente morosidade na resolução de problemas emergentes e, não menos que tudo isso, por sua política de relações trabalhistas.

O provimento de adequada estrutura física, insumos e recursos humanos não pode ser negligenciado. Do mesmo modo, também não podem ser negligenciadas as necessidades dos profissionais médicos e demais profissionais de saúde do HU. Infelizmente, é com desrespeito a esses profissionais que o governo federal, na figura da EBSERH, vem se portando. Direito elementar, o adicional de insalubridade, até poucos dias atrás, sequer era pago. As negociações de um acordo coletivo de trabalho, por seu turno, se estendem desde meados de 2013, sem qualquer avanço e sem qualquer sinal de empenho da empresa em cumprir os prazos por ela própria estabelecidos. 

É fundamental que a EBSERH compreenda que os médicos do HU estão aptos a prestar um bom serviço à comunidade e desejam realizá-lo com esmero e responsabilidade. Estamos dispostos a lutar para que isso aconteça.

A situação que sintetizamos acima já foi levada ao conhecimento das instituições e instâncias legais competentes. Aguardamos um desfecho favorável, no tempo mais breve possível, e que o HU logo possa estar cumprindo plenamente sua missão.
 
Simepi - Sindicato dos Médicos do Piauí